domingo, 21 de outubro de 2007

BOI GARANTIDO


A história do Garantido começou em 24 de junho de 1913, quando o filho de pescador Lindolfo Monteverde resolveu por em prática uma das histórias que ouvia de seu avô, ex-escravo de origem maranhense que veio para a ilha de Parintins em busca de um espaço para a sua família viver e produzir.


Dentre as inúmeras histórias, Lindolfo ouviu a história de um boi que dançava visitando famílias e alegrando as pessoas. Havia muitas lendas em torno deste boi contado pelo avô. A que mais chamava a atenção do neto era sobre o roubo da língua do boi e os versos cantados durante o ritual do boi que envolvia Pai Francisco, Mãe Catirina, o Amo do Boi, o Pajé e outras figuras. Antes de concretizar a idéia para lembrar as histórias do avô, foram realizados vários ensaios, até chegar o momento da primeira apresentação que começou como uma simples brincadeira junina. Contam os mais antigos que a apresentação foi antecedida de uma ladainha e depois houve distribuição de Aluá, bolo de macaxeira, tacacá e, no final, muito forró.


Mais tarde, ao servir o exército, Lindolfo Monteverde adoeceu e a gravidade de sua doença o levou a fazer promessa a São João Batista, prometendo que, se ficasse bom e enquanto tivesse vida, seu bumbá jamais deixaria de sair nas ruas. Foi então que o Garantido passou a ser chamado de “Boi da Promessa”.

A partir de então, todos os anos os torcedores do Boi se reúnem na noite de 24 de junho para rezar a ladainha e festejar São João Batista e em seguida saem pelas ruas da cidade, dançando em frente às casas que tiverem fogueiras acesas. Segundo os mais antigos, esta saída do Garantido pelas ruas da cidade era normal durante a época das festas juninas.


Contam que Lindolfo Monteverde era um cantador e repentista que causava admiração em quem o ouvia cantar, por causa do timbre de voz que dominava os terreiros e era ouvido à distância sem utilizar nenhum tipo de aparelho sonoro mecânico. Lindolfo também incomodava os torcedores do boi contrário com sua firmeza de voz e a inteligência dos desafios que criava. Até hoje, é considerado o melhor compositor de toadas que o boi-bumbá de Parintins registrou.
Desde a sua criação, o Garantido se apresenta com um coração na testa, e suas cores, vermelha e branca, foram adotadas pela torcida. A cor do coração na testa do boi costumava ser preta até meados dos anos 60 quando Dona Maria Ângela Faria, até hoje conhecida como madrinha do Boi, deu a idéia de este ser pintado de vermelho. Idéia que foi executada pelo artista Jair Mendes.

BOI CAPRICHOSO


O Boi-Bumbá Caprichoso tem sua história atrelada à uma família. A professora e folclorista parintinense Odinéia Andrade afirma que o bumbá foi fundado em 1913 pelos irmãos Raimundo Cid, Pedro Cid e Félix Cid. Os três teriam migrado da cidade de Crato, no Ceará, passando pelos estados do Maranhão e Pará, até chegarem à ilha, onde fizeram uma promessa a São João Batista para obterem prosperidade na nova cidade. Isso foi moti­vado pelas influências recebidas pelos Cid durante a trajetória até a ilha, quando puderam conhecer vários folguedos juninos por onde passaram. Duas manifestações folclóricas chamaram a atenção: o bumba-meu-boi, maranhense, e a Ma­rujada paraense. Andrade (2006) acredita que o Boi Caprichoso assimilou elementos desses dois folguedos, uma vez que o bumbá adotou como cores oficiais o azul e o branco, usadas nos trajes dos marujos, e denominou seu grupo de batuqueiros, responsáveis pelo ritmo na apresentação do boi de Marujada.


Valentin (1999) traz em sua obra um relato do compositor parintinense Raimundinho Dutra, que conta uma história diferente sobre a criação do boi. Ele diz ter ouvido dos pais que o nascimento do boi azul teria acontecido no mês de março de 1925. Segundo Dutra (2006), o boi teria nascido num sábado à noite, por volta das vinte horas, na casa de João Roque, onde se reuniram, à luz de lamparinas, o comerciante Emídio Vieira, Seu Vitário e Dona Fé, os irmãos Cid, Meireles e Nina, João Ribeiro, seus pais, entre outras pessoas que tinham como objetivo criar um novo boi na cidade. Durante a reunião, o coronel João Meireles, que era fã de um certo Boi Caprichoso existente em Manaus, sugeriu ao grupo denominar o novilho de Caprichoso. A sugestão teria sido imediatamente aceita, ficando acertado que o amo seria Félix Cid, repentista famoso na época por sua voz poderosa.

A versão adotada como oficial pela agremiação afirma que o Bumbá nasceu de um briga inter­na no Boi Galante, criado por Emídio Vieira. Em razão de um desen­tendimento, o fundador deixa o boi e em seu lugar assume os irmãos Cid, que teriam feito uma promessa de colocar um boi na rua caso obtivessem sucesso em Parintins. Os novos dirigentes da brincadeira cons­truíram uma nova carcaça para o boi e trocaram seu nome para Caprichoso. Todos esses fatos teriam acontecido em 20 de outubro de 1913, data oficial de fundação do bumbá.

Vitórias do Boi Caprichoso: 1969, 1972, 1974, 1976, 1977, 1979, 1985, 1987, 1990, 1992, 1994, 1995, 1996, 1998, 2000 (empate), 2003 e 2007.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

POPULAÇÃO INDÍGENA

Existem hoje, aproximadamente, 200 mil índios no Brasil – 0,15% da população. Vivem em núcleos de 150, 200 pessoas, que se desmembram quando ultrapassam esse número. A maior parte deles está aculturada.

Por causa de várias circunstâncias e, sobretudo, pelos modelos de desenvolvimento aplicados nas áreas indígenas, especialmente na Região Amazônica, os ecossistemas estão em perigo e, conseqüentemente, a saúde e a qualidade de vida do índio também vão se deteriorando, trazendo doenças, desnutrição, fome e pobreza.

As invasões que ocorrem dentro dos territórios indígenas não causam somente a destruição ambiental, mas também a destruição cultural, social e econômica dos índios.

A questão das reservas indígenas, que hoje ocupam grandes áreas geográficas da região, em nome de pequenas tribos, pode ser usada em projetos de “balcanização” da área.

A disputa por territórios ricos em minérios e outros bens do patrimônio gigantesco do bioma amazônico é estimulada e mesmo patrocinada por pesados interesses internacionais.

Dados da Fundação Nacional do Índio (Funai), mostram alguns números de interferência nas áreas indígenas já demarcadas. Pelo menos 84% dos territórios já demarcados sofrem graves interferências de toda natureza. Levantamento feito pela Funai mostra que:

156 reservas têm interferência do setor elétrico;

171 áreas têm problemas com a construção de estradas e ferrovias;

74 territórios têm a presença da exploração florestal;

30 reservas sofrem degradação por busca de ouro;

12 áreas têm problemas por conta de arrendamento; e,

53 outras áreas sofrem problemas causados por atividades diversas.

A COLETA DE FRUTAS SILVESTRES PELOS INDÍGENAS

Esta é a outra fonte de alimentação e um dos únicos trabalhos de que o homem e a mulher podem participar juntos. Da coleta fazem parte o pequi, a mangaba, o jatobá, o ingá e cocos diversos. Quanto ao pequi e à mangaba, eles não só podem cortá-los como também plantá-los. Por ocasião da safra, caroços de pequi, em grandes quantidades, são raspados através das bordas de conchas, surgindo daí aquela massa que será transformada em bolas de até um quilo, e colocadas em cestos. Estes serão transportados até o rio ou ribeirão próximo, para serem guardados na água, conservando-se em bom estado por vários meses.

A CAÇA INDÍGENA

Além da pescaria, a caça é o único meio de se obter carne nas tribos. É também uma atividade masculina e pode-se realizar individual ou coletivamente. As carnes mais apreciadas costumam ser a de animais como a anta, a cobra e a paca. Os índios costumam evitar a carne de animais peludos, fazendo exceção à do macaco, da qual gostam muito. Dentre as aves mais procuradas - inclusive por serem seus ovos muito apreciados - destaca-se o mutum, jacumim, jacutinga, papagaio, perdiz, jaó, pato e marreco.